terça-feira, 18 de março de 2014

O mundo amargo


Havia um mundo, onde os alimentos tinham apenas o gosto amargo. Todos eram muito tristes e viviam reclamando, porém Ricardo assumia uma postura diferente: Sempre acreditou no doce!
No entanto, ele era motivo de piada. Um senhor respeitado viu-se obrigado a ter uma conversa séria com Ricardo:
- Admiro seu espírito sonhador, mas te aconselho a se conformar. A vida é amarga e ninguém sabe o porquê disso. Em vez de buscar o impossível, tente encarar os fatos e resista. Pense bem, poderíamos nem ao menos ter o que comer.
Ricardo, então, respondeu:
- É claro que sou grato por poder me alimentar. Contudo, intuo existir um gosto completamente diferente do amargo. Ele aparenta ser muito prazeroso e vou lutar até conseguir encontrá-lo.
Ricardo era menosprezado, pois em vez de ir atrás da prosperidade de comidas amargas, preferia procurar pelo utópico doce. Era taxado de pobre e muitos o excluíam.
Foram anos dedicando-se a essa causa, estava há tempos sem se nutrir bem, até que de repente, encontrou algo embalado. Ao desnudá-lo, notou ser comestível. Criou coragem e deu uma mordida… era um chocolate e então conseguiu, enfim, conhecer o doce!    
Ricardo estava extasiado. Contou a todos sua descoberta e sua alegria impressionava. Entretanto, ninguém acreditava nele. Pediram uma prova científica de que o doce existia e ele respondia: “Não consigo descrevê-lo, apenas experimentando-o podemos compreendê-lo.”
As religiões, a mídia, os políticos passaram a persegui-lo. Acusavam-no de charlatanismo e por dar esperanças falsas às pessoas. Foi preso e no julgamento o veredicto final foi de que Ricardo seria condenado à morte, sendo que seria absolvido se parasse de defender a existência do doce.
Ricardo optou por não trair a verdade, e assim, foi condenado. Dentro da cela, viu um foguete pousando. Conseguiu conversar com os homens que saíram de lá nos quais afirmaram serem de um lugar chamado Terra. Foi tirado da prisão e aceitou ir para o planeta deles. 
 Logo ao chegar, foi convidado a comer em um restaurante. Ficou deslumbrado ao conhecer o salgado, o azedo, o crocante… mas o melhor mesmo, foi o momento chamado pelos terráqueos de “sobremesa”. Sentiu novamente a iluminação do dia em que provou o doce pela primeira vez. Não conseguia conter a alegria que lhe aflorava… não esperava que a Verdade fosse tão boa.

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