Em um planeta bem distante da Terra, havia uma lenda de que existia algo invisível chamado “Ar” no qual, todos os seres passavam sua existência inteira buscando. Os que não o encontrasse, morreriam após cinco minutos e os que o conquistasse teriam todos seus órgãos saudáveis, principalmente, o coração, pois se reduziriam as chances de ataque cardíaco.
Jonas decidiu procurá-lo, mas foi advertido pelo seu amigo.
- Não perca seu tempo, sua jornada não o levará a lugar nenhum.
- É o que a maioria pensa. Porém, para mim, “ter” o Ar é mais importante que qualquer bem material, status, poder, influência, reconhecimento, prestígio…
- E como você espera obtê-lo?
- Respirando!
- Ah para com isso. A respiração não existe! Siga meu conselho: Não acredite em quem a promete!
- Também sou cético, contudo não custa nada tentar.
Jonas conheceu diversas seitas, religiões, sociedades secretas e se decepcionou com todas. As piores foram aquelas que prometiam a “respiração” após a morte, caso durante a vida, o fiel se submetesse a dogmas e pagasse dízimos, sem questionar.
Após anos de luta, conheceu um Guru. Pressentiu que, dessa vez, conseguiria possuir o misterioso “Ar”.
Durante o longo período de convivência com ele, aprendeu bastante sobre a vida, amor, sabedoria, justiça, compaixão e honestidade. No entanto, sua ansiedade era intensa. Assim, não resistiu e pediu:
- Admiro tudo o que você me ensinou, porém desejaria muito conhecer a “respiração”. Passei a vida inteira sonhando com esse dia e estive contigo durante todo esse tempo, porque acreditava que poderia apresentá-la a mim.
- Jonas, sinto lhe informar mas… o senhor sempre respirou! E nesse exato “Agora” também esta.
Jonas se surpreendeu com a revelação. Inconformado disse:
- Não é possível! Esforcei-me tanto em prol de algo tão… vulgar!
- Respirar é vulgar, porém respirar “consciente” não.
Jonas se sentiu recompensado por ter percorrido essa longa jornada.Todavia, passou a ter um novo desejo:
- Sabe… “Ter” o ar é maravilhoso, contudo gostaria de “Ser” o ar.
De imediato, teu Guru o levou ao crematório. Um corpo humano, semelhante ao seu, foi queimado e se fundiu ao “Ar”… Jonas percebeu então, que sempre foi aquilo que sempre procurou.